Economia local X Digital first: o futuro do consumo pós-pandemia


Isolamento acelerou novas tendências para os comércios de bairro

Comportamento

por Ana Beatriz Rosa, estrategista de conteúdo na Questtonó

A experiência do isolamento social no período mais agudo da pandemia do coronavírus transformou a relação das pessoas com as suas casas, seus trabalhos e, sobretudo, as suas cidades. Em alguns lugares do mundo, a liberdade de ir e vir ficou restrita a um raio de 1km a partir de suas residências. Com isso, observamos um novo desenho possível para os centros urbanos, cada vez mais descentralizados e focados na autonomia de cada um dos bairros, seja do ponto de vista de serviços ou do protagonismo da economia local.

Para além da limitação de deslocamento, a pandemia também trouxe uma maior sensibilidade econômica, uma vez que as sociedades passaram a conviver com a iminência de uma grave crise financeira. Nesse cenário, os comércios locais se tornaram agentes importantes no impulsionamento de economias inteiras e, com isso, assistimos à ascensão de um novo tipo de consciência de consumo. Imbuído de uma forte responsabilidade cultural e política, ganha força um tipo de consumidor que decide investir em marcas responsáveis socialmente e prioriza os pequenos produtores. 

Temos alguns exemplos tangíveis desse comportamento, aqui mesmo no Brasil. No período inicial do isolamento, participamos de diversas campanhas como “Compre do Pequeno” e “Apoie o Produtor”, ações que acabaram por se tornar bastante relevantes para minimizar os efeitos da crise.  Mais tarde, e a nível global, o Instagram adotou uma nova ferramenta para ajudar a divulgar os negócios locais. 

Economia local X Digital First

Esses dois movimentos traduzem um caldo cheio de nuances, pois ao mesmo tempo em que este novo perfil de consumidor compreende a importância de apoiar os pequenos negócios em detrimento aos grandes varejistas, ele também faz parte de uma geração acostumada com a conveniência da instantaneidade e a digitalização das relações.

Assim, esse consumidor espera que mesmo os negócios locais estejam preparados para atender às suas necessidades on demand, com serviços de delivery e compras via aplicativo, por exemplo. Não é à toa que vemos tanto os negócios locais como indústrias inteiras correndo contra o tempo em direção à digitalização de suas ofertas.

>Adaptação ou transformação digital?<

Atenta a esse novo desafio e consciente de que a pandemia acelerou tendências já mapeadas anteriormente, a Questtonó tem investido em não só imaginar, mas colocar em prática esses e outros futuros possíveis e desejáveis. Recentemente, ajudamos a impulsionar uma plataforma de supermercados online, tendo como premissa uma experiência relevante para o consumidor e para os negócios locais, sob a lente do design de serviços e do CX. Ainda, em outro projeto global, mapeamos as jornadas de proprietários de lojas de bairro em países como México e China para entender como a inovação e o acesso às tecnologias poderia potencializar e melhorar essa experiência em diversos cantos do mundo.

Compreendendo cada vez mais o papel e o impacto individual do consumo, o novo consumidor se afasta da ideia das multinacionais globalizadas para entender e redescobrir o localismo na sua essência: a diminuição de fronteiras e etapas entre o produtor e o consumidor final, bem como a valorização do que é próprio e singular de cada lugar.